O Homem reduzido*Não apenas a partir dos séculos XVII e XVIII onde o Capitalismo Primitivo teve seu início, mas um dos seus conceitos, o individualismo, já em comunidades antigas começou a ser praticado. E desde quando a propriedade privada foi estabelecida, por si encarregou-se de determinar o que era de quem.
Iniciado o século XVIII, e principalmente o XIX, os ideais burgueses se espalharam pelo mundo ocidental como única saída principalmente para superar o regime Absolutista e também como via de regra para o enriquecimento, o progresso.
O acúmulo de riquezas de uma nação foi superado pelas técnicas de dominação que alguns países começaram a exercer sobre outros, e não gerando apenas riqueza, mas também, controle e influência financeira aos povos dominados. Pelo que foi dito, esse nível de dominação hoje chama-se Imperialismo, que vai além do lucro e da mais-valia do capitalismo. A contemporaneidade elevou as nações a um nível onde apenas o dinheiro não é suficiente, é preciso capital. Capital financeiro, de títulos, de giro, e outros que fazem parte do mercado atual.
Muitos atribuem isso à Globalização. São todos os países interligados mercadologicamente e com afinidades financeiras tão intensas, que há essa busca em chegar cada vez mais longe e estreitar não só as relações econômicas, mas atingir o poder da superestrutura dos povos, influenciando, aglutinando, e moldando segmentos culturais de acordo com suas ideologias.
Essa mão de novos elementos culturais se mistura aos conceitos já existentes e o resultado disso pode ser uma invasão de costumes, neologismos e técnicas que podem provocar fissuras em uma sociedade alterando sua maneira.
Prova disso é o que diz o poeta Carlos Drummond em seu poema Eu etiqueta. Relacionar-se com outra cultura não apenas é absorver o que ela pode nos trazer. Palavras estrangeiras que invadem vocabulários podem fazer parte apenas de grupos reduzidos e com isso agravar mais as próprias diferenças entre as classes.
O consumo gerado por todas essas práticas econômicas de hoje chega a tratar o indivíduo como coisa, como produto. Comprar mais, adquirir o mais novo, o mais moderno, gera mais competição do que o homem já imaginou em outros tempos. A não satisfação ao ter algo hoje gera guerra, aumenta as diferenças e faz com que se viva em um mundo aparentemente normal, bonito, vertical, mas que não leva o homem a olhar para os lados e perceber que ele é objeto no meio dessa selva de pedra criada por ele.
Não são poucos os problemas causados pelo consumo e que só atingem as sociedades. A sociedade moderna – ou pós-moderna – denigre o agora e não deixa bons presságios para o amanhã.
Percebe-se que no inicio do século XX Drummond estava certo, não ser o “eu”, mas o artigo industrial, ostentar, ser orgulhoso e abdicar do título de homem para o de coisa. “Eu sou a coisa, coisamente”.
Por uma ontologia da comunicação*Em nossa vida cotidiana, afirmamos, negamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas, situações. Fazemos perguntas como “que horas são?”, ou “que dia é hoje?”. Dizemos frases como “ele está sonhando”, ou “ela ficou maluca”. Fazemos afirmações como “onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não se resfriar”. Quando pergunto “que horas são?” ou “que dia é hoje”, minha expectativa é a de que alguém, tendo um relógio ou um calendário, me dê a resposta exata. Em que eu acredito quando faço esta pergunta e aceito a resposta? Acredito que o tempo existe, que ele passa, que pode ser medido em horas e dias, que o que já passou é diferente de agora e o que virá também há de ser diferente deste momento, que o passado pode ser lembrado ou esquecido, e o futuro, desejado ou temido. Assim, uma simples pergunta contém, silenciosamente, várias crenças não questionadas por nós.
De fato, mesmo para ser uma arte moral ou ética, ou uma arte do bem-viver, a Filosofia continua fazendo suas perguntas desconcertantes e embaraçosas: O que é o homem? O que é a vontade? O que é a paixão? O que é a razão? O que é o vício? O que é a virtude? O que é a liberdade? Como nos tornamos livres, racionais e virtuosos? Por que a liberdade e a virtude são valores para os seres humanos? O que é um valor? Por que avaliamos os sentimentos e as ações humanas? Assim, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia não é o conhecimento da realidade, nem o conhecimento de nossa capacidade para conhecer, mesmo se disséssemos que o objeto da Filosofia é apenas uma vida moral ou ética, ainda assim, o estilo filosófico e a atitude filosófica permaneceriam os mesmos, pois as perguntas filosóficas – o que, por que e como – permanecem.
Teoria da Comunicação**Qualquer má comunicação pode gerar insatisfação ou problemas na decodificação da mensagem. Os teóricos da comunicação, principalmente os da Escola de Frankfurt, ao criticar a banalização da comunicação direcionada às massas, que visa padronizar filosofias, éticas, conceitos, padrões e estilos, apontam para uma nova forma de comunicar.
Nesse universo massificado, o ter passa a ser o norte principal das relações sociais. Ninguém se preocupa mais e alimentar-se de conceitos e ideologias que nutram o seu saber individual. A luta é apenas ter para fazer parte de um todo, para engajar-se, para entrar em uma teia.
É preciso resgatar uma ação comunicativa, onde as relações possam ser construídas em gestos individuais, mas que visem integrar as pessoas através da mensagem e da troca de idéias espontâneas, não impostas.
Jasper defende a descontração de gestos como mundo exclusivamente materializado, dependência da “moral racional” e do excesso de prepotência e arrogância para que esse processo da conscientização da importância de comunicar não apenas para cumprir uma ação eminente a vida humana, mas para fortalecer as relações humanas.
Não se faz comunicação sem agir, ou melhor, sem interagir. Persistência, disposição e coragem, além de conscientização de que a comunicação real deve ser feita por todos, certamente são pontos fundamentais na construção de um processo de interação humana.
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Gil Cavacanti – Estudante do primeiro ano de Comunicação
** Auxiliado por
Rebeca Casemiro - Jornalista